segunda-feira, 25 de outubro de 2010

E assim sou...

Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só com uma palavra. Fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é tendência para ser a seguir outra coisa - uma impaciência da alma consigo mesma, como uma criança inoportuna, um desassossego sempre crescente e sempre igual. Sou obsessiva. Completamente. De certa forma, creio que essa característica tenha me ajudado a ser quem sou, mas ela é burra no que se refere ao amor. Eu quero que o outro - qualquer um, qualquer um mesmo, quando esse um está disfarçado em nomes próprios - tenha a noção de como seria incrível viver aquele um pouco mais comigo. Com vários meios e sem fim. Olhos voltados para o céu. Brigadeiros e amores adoçam minha vida. Ansiosa, sincera, orgulhosa, ciumenta, companheira. Muito mais chocolate que pimenta, eu diria. Estou atrás de olhares sinceros, abraços apertados, frios na barriga, sorrisos de verdade, risadas espontâneas. Gosto de gente de alma limpa. Sou fúria ao que me congela e cautela ao que me silencia. Intolerância apenas aos que pisam em meu sorriso. E até meus meios sorrisos são verdadeiros. Luto para atravessar o horizonte incerto, para encontrar a minha vida toda em cores. Suavizei meu soco, amoleci minha marcha, embora minha dança continue sendo queda equilibrada. Sou minha família, meu amor, meus amigos, meu conhecimento, minha casa, meu corpo, meus pensamentos bagunçados e até meus desejos bobos. Eu já perdi alguns jogos idiotas, mas meu espírito permanece invencível. Exagerada toda a vida: minhas paixões são ardentes; minhas dores de cotovelo, de querer morrer; louca do tipo desvairada; briguenta de tô de mal pra sempre; durmo treze horas seguidas; meus amigos são semi-irmãos; meus amores são sempre eternos e meus dramas, mexicanos. Egoísta, impaciente e um pouco insegura. Cometo erros, sou um pouco fora do controle e, às vezes, difícil de lidar. Gosto de muitas coisas ao mesmo tempo e me confundo inteira e fico toda enrolada correndo de uma estrela cadente para a outra até desistir. O que eu tenho a oferecer de sobra é a minha própria confusão. Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não gritem comigo, tenho o péssimo hábito de revidar, gosto do toque nos cabelos e que mintam sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, gosto de sentir saudades e que contem algumas coisas que me façam rir, acreditem nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeitem meu choro, me deixem sozinha quando eu pedir e, não me obedeçam sempre que eu também gosto de ser contrariada. Não sei muita coisa do que quero pra minha vida. E nem tenho essa pretensão. Mas sei isto: quero tudo intenso. Tudo agora. Tudo pra já. Minha vida já está acontecendo e eu não tenho mais tempo a perder com sorrisos amarelos. Com abraços frouxos. Com bocas aleatórias. Com noites sem dias seguintes. Com pessoas que não se dão. Quero viver tudo intensamente. Até a última gota. Correr o risco. Me atirar. E sentir o coração bater forte. Sair pela boca. Me engolir. Ter aquela sensação de não estar cabendo no próprio corpo (mais alguém aqui já sentiu isso?). Quero ser arrebatada. Não conseguir dormir à noite. Acordar com olheiras e estar linda mesmo assim. Quero rir de mim mesma. Rir sozinha no meio da rua. Sair descabelada. Quero andar cantando. E fazer poesia em dia de chuva. Quero cair da escada com as pernas pra cima. Quero um dia. Uma hora. Um minuto. Desde que seja de verdade. Não sou qualquer amiga de todos, não concorro à miss simpatia, nem sou adorada por unanimidade. As pessoas têm o direito de não gostar do meu jeito, mas às vezes gostam tanto que levam um pouco dele com elas.
Eu sairei para voar um pouco...Mais do que tudo, mais do que nunca, quero aprender a voar.Guardo meus medos para mim mesma, mas partilho minha inspiração com quem souber voar comigo.


Já dizia Cateano Veloso "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é"

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