
Eu olhava para as pessoas com olhos de auto-piedade que diziam em todas as línguas ‘ei, não desista de mim’. E quando notava que havia ultrapassado todos os limites e estava sendo ridícula, vestia um sorriso cavalo que mostrava todos os dentes e era mais falso que nota de três. Até entender que eu veria as costas do mundo inteiro, e assistiria despedidas vinte e quatro horas por dia, ficando apenas com a sensação de que alguém esteve aqui minutos antes de eu chegar, enquanto não aprendesse a amar a minha baixa estatura, a pouca visão e minhas tatuagens. Afinal de contas, existia um colorido natural e convidativo alojado em meu peito, que eu só não sabia como usar. E depois de um tempo costurando sobras das minhas tentativas, entendi que bastava desabotoar as malhas que me escondiam por dentro.
Camila Heloíse
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