
O que eu sei, é que tudo que eu menos quis ser é o que hoje eu sou.
Acumulei grossas camadas de desencontros e um amontoado de falências.
Deixei extinguir, deixei acumular. Desordenei tudo o que havia de ordenado e contrariei cada significado pronto.
Não são minhas gavetas ou meus armários, minhas peças de roupas amarrotadas e meus cadernos com folhas rabiscadas. Eu nunca me calei por dentro e minha atenção nunca foi direcionada à uma só coisa.
Minha desorganização parte de dentro, e eu me perco por fragilidade de não querer me encontrar, de encontrar e só então me perder. É tudo extremo, é tudo avesso, inconformado, gritante.
Tantas vezes eu evitei os espelhos para não dar de cara com a minha opacidade, meu desgosto travestido em olhos fundos e remotos, em lábios que não se desgrudavam nem para sorrir.
Me vi corrompida, ajoelhada de olhos cerrados e aos murmúrios dizia que queria ir embora.
A distância ou a proximidade tinha que vir de mim mesma e de todos os meus traumas, meus desajustes e desesperanças.
A vida sou eu, dentro e fora de mim. Só basta me conformar.
Melina.
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