domingo, 10 de julho de 2011

Meu Deus, não sou muito forte, não tenho muito além de uma certa fé. Preciso agora da tua mão sobre a minha cabeça. Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exato. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor. Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre.

Caio F. Abreu

O que eu sei, é que tudo que eu menos quis ser é o que hoje eu sou.
Acumulei grossas camadas de desencontros e um amontoado de falências.
Deixei extinguir, deixei acumular. Desordenei tudo o que havia de ordenado e contrariei cada significado pronto.
Não são minhas gavetas ou meus armários, minhas peças de roupas amarrotadas e meus cadernos com folhas rabiscadas. Eu nunca me calei por dentro e minha atenção nunca foi direcionada à uma só coisa.
Minha desorganização parte de dentro, e eu me perco por fragilidade de não querer me encontrar, de encontrar e só então me perder. É tudo extremo, é tudo avesso, inconformado, gritante.
Tantas vezes eu evitei os espelhos para não dar de cara com a minha opacidade, meu desgosto travestido em olhos fundos e remotos, em lábios que não se desgrudavam nem para sorrir.
Me vi corrompida, ajoelhada de olhos cerrados e aos murmúrios dizia que queria ir embora.
A distância ou a proximidade tinha que vir de mim mesma e de todos os meus traumas, meus desajustes e desesperanças.
A vida sou eu, dentro e fora de mim. Só basta me conformar.

Melina.

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