Se não me olha fundo nos olhos é porque não me conhece, tem medo. Se o gosto
do tabaco arde na minha garganta ou se tuas mãos me enlaçam a cintura, já
não importa. Nada que etanol nas veias não faça desviar. Nada
que um longo banho gelado não fizesse esquecer. Mas tem algo que me tateia a pele e me
invade os ecos, aquilo que não tem nome, aquilo que não se vê, que não se explica.
Você, um estranho pra mim. Eu, uma estranha pra mim. Duas vidas desconhecidas,
atraídas por formas distintas, de modos misturados e confusos. Duas vontades que quando
pensadas, eram explosivas.
É sempre estrondoso me tirar da rotina da obediência. As possibilidades são sempre
estreitas, mas me levavam à amplos caminhos. Meu medo é de me perder fora de mim.
Aqui por dentro tá tudo remexido, flutuando em constante movimento. Lá fóra as coisas
perdem a dimensão e se misturam com o êxtase. Meu medo é não ter onde encostar a cabeça,
é ter esse gosto pela contradição.
Eu suspirava sozinha pensando que tudo isso não passava de uma ausência que existe dentro
de mim. Eu falto à mim mesma, ou me tenho em excesso. Deve ser isso.
Melina Flynn
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